UM VENDEDOR DE PATENTE
Vão cagar no mato
Desembarcam as margens plácidas,
um jovem descobridor e amante especulador encorajado pela paixão que cultivava
em seu lugar relíquias que em se tratando de valor e vontade, buscava atualizar
e polir com destreza e expertise juventude.
Vontade que despertava nas sensações, e remontava histórias, que buscava
traduzir com o suor de um vendedor de patente. Perdido no tempo por uma rua de
sua época o jovem vendedor perambula por entre as vielas a procura do numero
que demarcava a residência do cliente ao qual angariava. À toa. Devia de ser
nas construções, onde homens trabalhavam. Adentro as instalações, procurou pelo
responsável. A pouco no exercício, ainda atualizava as qualidades de vendedor. No
dialogo que se inicia com a ignorância do interessado, o vendedor se sente
acuado. O apresso é maior do que imaginava e se Poe a correr. Não fatigado pelo
cansaço brutal, no qual também sentia, mas pelo descaso moral de se perder de
pensar. Perto já é do horário de almoço. De saída das entranhas que aquele
lugar lhe remete, o jovem resvala em um servidor em labor com a fossa que se
esgota para as margens de um riacho a desembocar naquele mar. Com humildade, se
impõe em cortejo ao servidor que ignora e retruca em descaso. Talvez
houvesse sido de propósito, quem sabe assim o devido valor. Se a fome já não
lhe corroia, ao vendedor já se trançava o estômago. Quem dera lhe a companhia
da moçoila que atravessava esbelta, rebolando os quadris e ovacionada por
assovios e adjetivos, quem sabe assim uma oportunidade de alimentar-se. Pelos
trajes há de ser demais daquele lugar. Mas nem sequer um olhar. Passou sem se
quer notado. As graças todas e o rebolado dos quadris talvez houvesse de sido a
um dos operários. Do descuido que se passa desperta para atravessar as vias que
dão para o albergue ao qual lhe hospeda. No lugar, uma cozinha e lavanderia
comunitária e um banheiro e quarto privado. De passagem pela cozinha, engole
guloseimas deixadas de pronto e salta para dentro do quarto. Da bagagem largada
por sobre a cama retira um amontoado de papéis, cartas, documentos e
fotografias de família que organiza por sobre a cabeceira de um criado mudo. Se
de todo cuidado não foi o bastante, quem imagina com a farda que pendura no
cabide de um antigo guarda roupas. Se lembranças tolas lhe falam histórias o
que viera é encontrar o que por essas terras veio deixar. Convencido que aquele
seria seu lugar o tempo necessário para que seus sapatos fossem lustrados,
buscou se adaptar ao pequeno albergue o tempo suficiente para melhores
hospitalidades. Da janela entreaberta se via eram casas, prédios e construções
e uma avenida em movimento de automóveis e pedestres. Região central. Cidadela
com ar desconfiado, poucos ruídos. Pessoas quietas e acomodadas, senão em obras. Volte e meia
senhoras passeando e adolescentes indo e vindo de seus colégios. Poucas cenas
de aglomeração e tumulto. Por isso a atenção lhe chama de um comercio vizinho onde
escuta discussões. Na cama em que lhe conforta o cochilo, o vendedor apenas
atenta os ouvidos para entender o motivo do escândalo. O que lhe chega são
vozes de um senhor embriagado em alto tom reclamando o infortúnio dos negócios.
“– Vão cagar no mato! ¿Como pode ser uma calmaria dessa em um comércio de
bebidas?”. Confortado por uma senhora, que parece ser sua esposa, não cessa em
exageros do discurso. Já noite, no escuro do quarto, o vendedor corre as mãos
pelas paredes para encontrar o interruptor de luz. A luz não acende. Imagina
que a lâmpada tenha queimado. Tenta as luzes do banheiro. Também não acende.
Coincidência seria terem queimado as duas lâmpadas. Mantém-se deitado até
adormecer.
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